Gosto das palavras esdrúxulas, desde logo a própria, e esta última. Idem. São de entoação difícil (ia escrever pronúncia…). Embrulha-se ali a língua, sobretudo se há uma bela vogal a baralhar a queda no precipício tónico (mais duas), como em período ou em medíocre. Estas duas, coitadas, são das que mais sofrem de agravamento (literalmente) logo desde os bancos da escola.
Há um certo exotismo nas esdrúxulas (componho a frase com o nome em vez do adjectivo, por questões de parcimónia. Ai!...). As menos comuns valem até, a quem as usa, o epíteto (começo a perder-lhes, às esdrúxulas, a contabilidade na presente crónica… ei! Outra vez?) de arrogante. Mas a culpa também é delas. Quem as manda partilhar a semântica com ‘excêntrico’? (A sério?).
As esdrúxulas não se encontram só em glossários (bolas…) elitistas, nem encerram só significados desconhecidos, como puérpera ou esquírola. Prestam o seu serviço, por exemplo, ao democrático mundo das flores: dália, estrelícia, crisântemo, begónia, lírio, magnólia, petúnia, antúrio… Mas, ao contrário das outras tónicas, exigem sempre o acento. Talvez este rigor salve algumas, como egípcio, de revisionismos ortográficos (olha, outra!).
Para o que der e vier, as esdrúxulas têm de reserva o seu sinónimo: proparoxítonos. Uma esdrúxula, claro.
©outinhas | maio | 2022
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