segunda-feira, 19 de setembro de 2022


Dependemos duma rede. Individualmente, ficamos em curto-circuito, como neurónios sem sinapses. O que fazemos não ganha dimensão enquanto não levanta voo neste ecossistema. Um livro não nasce quando o escritor começa a colocar as primeiras ideias no papel, e não chega ao fim de vida quando é entregue ao prelo. "Um autor faz uma bela obra e endossa-a, escon­didamente, a outro" escrevia o DN (2014.02.24) a propósito do sublime Adagio de Albiloni do qual bastou uma partícula de ADN sobrevivente para ser, na verdade e muitos anos depois, escrito quase totalmente por Giazotto. 

Uma das composições mais celebradas de Chick Corea (que nos deixou esta semana), Spain (1971), bebe explicitamente doutro adagio, do Concierto de Aranjuez do espanhol Joaquin Rodrigo (1939). Aqui fica o Spain num dueto com a fabulosa Hiromi Uehara. Se a imortalidade da obra de Chick Corea depender da energia, está bem entregue à Hiromi! 

©outinhas 2021.02.12

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.

  ~ Gosto das palavras esdrúxulas, desde logo a própria, e esta última. Idem. São de entoação difícil (ia escrever pronúncia…). Embrulha-se ...